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EADV

RESUMOS


CIRURGIA DERMATOLÓGICA

Atualização em cirurgia dermatológica

Apresentado por: Prof. Eduardo Nagore Department of Dermatology, Instituto Valenciano de Oncología, Valencia, Spain
  • A cirurgia funcional pode, agora, ser considerada como tratamento de escolha para tumores subungueais finos.
  • Pacientes imunossuprimidos apresentam maior risco de complicações na cirurgia dermatológica.
  • No dermatofibrossarcoma protuberante, as áreas fibrossarcomatosas são preditivas de alto risco de recorrência e metástase à distância. Pacientes que apresentam tais lesões requerem acompanhamento rigoroso.

Assim como ocorre em outras áreas, as inovações na cirurgia dermatológica têm gerado melhores resultados terapêuticos. O tratamento de alta qualidade e baseado em diretrizes não deve se limitar ao ato cirúrgico. Diversos aspectos perioperatórios devem ser levados em conta.

  • Quando se consideram novidades no procedimento cirúrgico propriamente dito, 3 aspectos devem ser considerados: anestesia, exames de imagem e técnica cirúrgica.
  • Em relação à anestesia, há poucos dados disponíveis que comparem desfechos, complicações e custos entre a anestesia geral e local na cirurgia dermatológica. [1]
  • Devido aos riscos relativos dos procedimentos realizados sob anestesia geral e aos desfechos consistentemente comparáveis e com menor custo dos procedimentos sob anestesia local, foi recentemente sugerido que a anestesia local deve ser empregada sempre que possível.
  • Entretanto, as necessidades individuais e o nível de conforto do paciente devem ser considerados na escolha da anestesia.
  • Os exames de imagem representam outra área que tem atraído atenções cada vez maiores. [1]
  • Por exemplo, os cortes congelados são realizados de rotina para avaliação intraoperatória das margens na cirurgia de Mohs. A microscopia confocal de fluorescência (MCF) é uma nova ferramenta que oferece resultados promissores e mais rápidos. [2]
  • Altos níveis de acurácia para a MCF, comparados aos cortes congelados, têm sido evidenciados na avaliação intraoperatória das margens do carcinoma basocelular (CBC) durante a cirurgia de Mohs. [2]
  • Alguns problemas técnicos limitam, atualmente, o maior uso da MCF. Porém, os novos aparelhos devem superar essas limitações.
  • O exame rápido do nódulo (rapid lump examination) é uma nova técnica que permite uma rápida visualização tridimensional das margens cirúrgicas para detecção de CBC residual e reduz o tempo dispendido na avaliação histológica durante a cirurgia de Mohs. [3]
  • A técnica apresenta boa sensibilidade e especificidade quando comparada aos tradicionais cortes congelados.
  • Diversos refinamentos na técnica cirúrgica têm sido relatados nos últimos anos.
  • Por exemplo, a cirurgia funcional para melanoma ungueal in situ ou minimamente invasivo é, agora, considerada a técnica de escolha, ao invés da amputação. [4]
  • Outro exemplo é o shaving modificado, combinado à técnica da janela ungueal, atualmente tido como de escolha para a melanoníquia longitudinal, já que está associado a uma distrofia ungueal pós-operatória limitada e baixos índices de recorrência da pigmentação. [5]
  • Apesar do grande número de procedimentos dermatológicos realizados, ainda são limitadas as informações sobre as infecções do sítio cirúrgico (ISS) na ausência de antibioticoterapia profilática.
  • Um estudo recente demonstrou que o risco de aquisição de ISS é maior em cirurgias da orelha, grandes feridas cirúrgicas e em defeitos reparados com uso de retalhos ou por segunda intenção. [6]
  • Na cirurgia micrográfica de Mohs, as avaliações retrospectivas de complicações pós-operatórias demonstram que a imunossupressão coloca os pacientes em maior risco para ISS e deiscência. [6]
  • Um modelo preditor de ISS em cirurgia dermatológica, recentemente estabelecido, mostra que cerca de 8 pacientes devem ser tratados com antibióticos profiláticos para que se evite uma infecção. [7]
  • A cirurgia micrográfica de Mohs representa uma modalidade terapêutica eficaz para o melanoma cutâneo.
  • Um recente estudo de coorte prospectivo, multicêntrico, com 562 melanomas tratados com Mohs, demonstrou que o procedimento não afeta a conservação do tecido e permite a reconstrução no mesmo dia dos tumores com verificação histológica de margens livres. [8]
  • Além disso, quando não se usa uma avaliação abrangente das margens, devem ser empregadas margens de no mínimo 10 mm para melanomas primários do tronco/extremidades e 12 mm para lesões da cabeça/pescoço, para que se obtenham margens histologicamente negativas em 97% das vezes.
  • Um amplo estudo envolvendo mais de 70.000 pacientes também demonstrou que a cirurgia de Mohs pode ser uma alternativa à tradicional excisão com amplas margens para casos selecionados de melanoma estádio I (8ª edição da AJCC – American Joint Committee on Cancer) sem comprometer a sobrevida do paciente. [9]
  • Uma análise do banco de dados do SEER (Surveillance, Epidemiology and End Results program) revela que não realizar a cirurgia, especialmente em pacientes mais idosos, implica em pior sobrevida. [10]
  • A cirurgia de Mohs também é altamente eficaz no carcinoma espinocelular, considerando os resultados a longo prazo, e pode minimizar fatores tipicamente considerados de alto risco. [11]
  • A invasão tumoral além do tecido subcutâneo e a baixa diferenciação histológica podem implicar em maior risco de resultados precários do que outros fatores.
  • A cirurgia de Mohs, isoladamente, oferece excelente controle de margens com baixos índices de recorrência local, metástase linfonodal e morte relacionada à doença.
  • Quanto ao dermatofibrossarcoma protuberante, diversos fatores de risco para recorrência local foram recentemente identificados após a realização da cirurgia de Mohs. O mais importante deles são as alterações fibrossarcomatosas, que carregam um risco 13 vezes maior de recorrências, além do tamanho do tumor >5 cm. [12]
  • Os clínicos devem estar cientes destes aspectos, além de incentivar o autoexame intensivo.
  • Outro estudo recente comprovou que as alterações fibrossarcomatosas, juntamente com margens de ressecção positivas, estão associadas a um risco 20 vezes maior de recorrência. [13]
  • Esses estudos confirmam que o seguimento deve ser proativo e individualizado com base no paciente, no tumor e nos achados histológicos.
  • Em relação ao fibroxantoma atípico, uma revisão sistemática e meta-análise sugere que os índices de recorrência são similares tanto na cirurgia convencional com amplas margens como na cirurgia de Mohs. O tempo decorrido até a recorrência também é semelhante, independente da técnica empregada. [14]
  • Uma recente série retrospectiva de casos investigou as vantagens e indicações dos enxertos de pele parcial para reconstruir as superfícies côncavas das orelhas após cirurgia de Mohs. [15]
  • Um total de 16 pacientes com defeitos nas concavidades auriculares resultantes da remoção de tumores de pele não-melanoma foram submetidos à reconstrução com enxertos de pele parcial obtidos da pele pilosa adjacente.
  • Em apenas um paciente o retalho não foi bem-sucedido e nenhuma outra complicação foi observada no seguimento de 6 meses.
  • Portanto, os enxertos de pele parcial são considerados adequados para reconstrução de áreas côncavas das orelhas, com bons resultados cosméticos.
  • A escolha de uma área doadora adjacente reduz tanto o tempo cirúrgico como o tempo pós-operatório e permite que o procedimento seja realizado em um único campo cirúrgico.
  • O tratamento com laser durante a fase inicial da cicatrização, para melhorar o aspecto da cicatriz, também tem sido relatado.
  • Melhoras sutis são observadas, comparadas com cicatrizes não tratadas. Porém, há um baixo grau de concordância entre as avaliações ao vivo, por fotos, ou aquelas feitas pelo paciente.
  • A microscopia confocal parece promissora para o controle das margens durante a cirurgia de Mohs.
  • O exame rápido do nódulo é uma técnica ágil e promissora.
  • É necessária uma margem de, no mínimo, 1 cm para melanomas in situ/finos.
  • A cirurgia de Mohs é uma boa opção para o tratamento do melanoma e está associada a baixos índices de recorrência local.
  • O laser fracionado não ablativo pode ser útil para a melhora cosmética das cicatrizes cirúrgicas.

Mensagens-chaves/Perspectivas clínicas

  • A cirurgia funcional é o tratamento de escolha para os tumores subungueais finos e promove resultados cosméticos e funcionais melhores que a amputação.
  • Pacientes imunossuprimidos apresentam maior risco de complicações cirúrgicas.
  • Áreas fibrossarcomatosas no dermatofibrossarcoma protuberante implicam em risco muito elevado de recorrências e metástases à distância. Lesões de baixo risco não requerem acompanhamento intensivo.


REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS


  1. Locke MC, Davis JC2, Brothers RJ, et al. Assessing the outcomes, risks, and costs of local versus general anesthesia: A review with implications for cutaneous surgery. J Am Acad Dermatol. 2018 May;78(5):983-8.
  2. Longo C, Pampena R, Bombonato C, et al. Diagnostic accuracy of ex ivo fluorescence confocal microscopy in Mohs surgery of basal cell carcinomas: A prospective study on 753 margins. Br J Dermatol. 2019 Jun;180(6):1473-80.
  3. Moehrle M, Käflein L, Ziefle S, et al. Rapid lump examination (RLE) - a new tool for Mohs surgery? J Dtsch Dermatol Ges. 2011 Jul;9(7):534-8.
  4. Jo G, Cho SI, Choi S, et al. Functional surgery versus amputation for in situ or minimally invasive nail melanoma: A meta-analysis. J Am Acad Dermatol. 2019 Oct;81(4):917-22.
  5. Zhou Y, Chen W, Liu ZR, et al. Modified shave surgery combined with nail window technique for the treatment of longitudinal melanonychia: Evaluation of the method on a series of 67 cases. J Am Acad Dermatol. 2019 Sep;81(3):717-22.
  6. Liu X, Sprengers M, Nelemans PJ, et al. Risk factors for surgical site infections in dermatological surgery. Acta Derm Venereol. 2018 Feb 7;98(2):246-50.
  7. Liu X, Kelleners-Smeets NWJ, Sprengers M, et al. A clinical prediction model for surgical site infections in dermatological surgery. Acta Derm Venereol. 2018 Jul 11;98(7):683-8.
  8. Ellison PM, Zitelli JA, Brodland DG. Mohs micrographic surgery for melanoma: A prospective multicenter study. J Am Acad Dermatol. 2019 Sep;81(3):767-74.
  9. Cheraghlou S, Christensen SR1, Agogo GO, et al. Comparison of survival after mohs micrographic surgery vs wide margin excision for early-stage invasive melanoma. JAMA Dermatol. 2019 Sep 25. doi: 10.1001/jamadermatol.2019.2890.
  10. Elias ML, John AM, Weisberger JS, et al. Declining recommended surgery in primary cutaneous melanoma: an analysis of risk factors and survival. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2019 Jul;33(7):e253-4.
  11. Tschetter AJ, Campoli MR, Zitelli JA, et al. Long-term clinical outcomes of patients with invasive cutaneous squamous cell carcinoma treated with Mohs surgery: a five-year, multicenter, prospective cohort study. J Am Acad Dermatol. 2019 Jul 3. pii: S0190-9622(19)32302-3.
  12. Li Y, Wang C, Yang K, Peng S, et al. Clinical features of dermatofibrosarcoma protuberans and risk factors for local recurrence after Mohs micrographic surgery. J Am Acad Dermatol. 2019 Sep 24. pii: S0190-9622(19)32779-3.
  13. Huis In ‘t Veld EA, van Coevorden F, Grünhagen DJ, et al. Outcome after surgical treatment of dermatofibrosarcoma protuberans: Is clinical follow-up always indicated? Cancer. 2019 Mar 1;125(5):735-41.
  14. Phan K, Onggo J. Time to recurrence after surgical excision of atypical fibroxanthoma-updated systematic review and meta-analysis. Australas J Dermatol. 2019 Aug;60(3):e220-2.
  15. Querol E, García-Martínez J, Redondo P. Split-thickness skin grafts obtained from adjacent hairy skin for reconstructing auricular concave surfaces after Mohs surgery. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2019 Sep 30. doi: 10.1111/jdv.15982.

Presenter disclosure information: E Nagore: None.

Medical writer: Patrick Moore, PhD

Reviewer: Martina Lambertini, MD

Local reviewers: Martina Lambertini, MD (Italian); Alain Brassard, MD (French); Jorge Moreno González, MD (Spanish); Swen Malte John, MD, PhD (German); Marcelo Arnone, MD (Portuguese)

Scientific Editor: Prof. Brigitte Dréno, MD


ESTUDOS CLÍNICOS

PSORÍASE

Eficácia e segurança do ixequizumabe em um estudo fase 3, placebo-controlado, em pacientes pediátricos com psoríase em placa moderada a grave

Apresentado por: Prof. Kim A. Papp, Department of Medicine, Division of Dermatology, University of Toronto, Toronto, Canada

DERMATITE ATÓPICA

Eficácia e segurança do baricitinibe em combinação com corticosteroides tópicos na dermatite atópica moderada a grave; resultados de um estudo de 16 semanas, fase 3, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado (BREEZE-AD7)

Apresentado por: Prof. Kristian Reich, Translational Research in Inflammatory Skin Diseases, Institute for Health Services Research in Dermatology and Nursing, University Medical Center Hamburg-Eppendorf, and Skinflammation® Center, Hamburg, Germany

PRURIGO NODULAR

Estudo fase 2b com nemolizumabe em pacientes com prurigo nodular moderado a grave e intenso prurido associado

Apresentado por: Prof. Sonja Ständer, Department of Dermatology and Center for Chronic Pruritus (KCP), University Hospital Münster, Germany

VITILIGO

Eficácia e segurança do ruxolitinibe creme no tratamento do vitiligo: estudo duplo-cego, randomizado, com duração de 52 semanas

Apresentado por: Dr. Amit G. Pandya, University of Texas Southwestern Medical Center, Dallas, TX, USA
 

TERAPIAS EMERGENTES

PSORÍASE

Terapias emergentes para psoríase

Apresentado por: Prof. Michel Gilliet, Department of Dermatology, Lausanne CHUV, Switzerland

DERMATITE ATÓPICA

Terapias novas e emergentes na dermatite atópica

Apresentado por: Prof. Dagmar Simon, Department of Dermatology, Inselspital, Bern University Hospital, Bern, Switzerland

ONICOMICOSE

Tratamentos emergentes para onicomicose.

Apresentado por: Dr. Ditte Marie L. Saunte, Department of Dermatology, Institute for Clinical Medicine, Zealand University Hospital, Roskilde, Denmark
 

REVISÃO E ATUALIZAÇÕES

ACNE E ROSÁCEA

Isotretinoína para acne e rosácea

Apresentado por: Dr. Pedro Mendes-Bastos, Dermatology Centre, Hospital CUF Descobertas, Lisbon, Portugal

ALOPECIA AREATA

Novas drogas para alopecia areata

Apresentado por: Prof. Spyridon Gkalpakiotis, Department of Dermatovenereology, Third Faculty of Medicine and University Hospital of Kralovske Vinohrady, Prague, Czech Republic.

CIRURGIA DERMATOLÓGICA

Atualização em cirurgia dermatológica

Apresentado por: Prof. Eduardo Nagore, Department of Dermatology, Instituto Valenciano de Oncología, Valencia, Spain

EPIDERMÓLISE BOLHOSA

O recomeço da terapia gênica na epidermólise bolhosa

Apresentado por: Prof. Leena K. Bruckner-Tuderman, University Medical Center, Albert-Ludwigs-University of Freiburg, Germany

MELANOMA

Resistência ao tratamento no melanoma metastático

Apresentado por: Prof. Martin Röcken, Department of Dermatology, Eberhard-Karls-University Tübingen, Germany

TRATAMENTO DAS CICATRIZES

O futuro do tratamento das cicatrizes

Apresentado por: Prof. Gabriella Fabbrocini, Department of Dermatology, University of Naples Federico II, Naples, Italy
 

EDUCATION FORUM

NON-MELANOMA SKIN CANCER

Systemic treatments of non-melanoma skin cancer

Apresentado por: Prof. Henrik F. Lorentzen, Department of Dermatology, Aarhus University Hospital, Denmark
 

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